Considerada a primeira escritora negra brasileira, Maria Firmina dos Reis nasceu na
ilha de São Luís, no Maranhão, em 11 de outubro de 1822. Em homenagem ao
bicentenário da romancista, escritora e musicista, o Tribunal de Justiça do
Maranhão (TJMA) promove a “Exposição Maria Firmina dos Reis - 200 anos
inspirando humanidades”.
A abertura oficial da exposição aconteceu dia 5 de agosto, no auditório do Centro
Administrativo do Poder Judiciário, em São Luís. A amostra, com duração de três
meses e aberta ao público, acontece entre agosto e outubro, no Museu
Desembargador Lauro Berredo Martins, localizado no Solar dos Veras, 144, Rua do
Egito, Centro Histórico.
Durante a visita, o público terá acesso a documentos históricos e objetos raros que
fizeram parte da trajetória de Maria Firmina dos Reis, uma das personalidades mais
importantes da literatura nacional. A amostra também inclui ilustrações digitais
exclusivas que demonstram o cotidiano e momentos importantes da biografia da
escritora.
Nascida no século XIX, Firmina se destacou no mundo da literatura desde muito
cedo. Seu romance, “Úrsula”, tornou-se o primeiro livro da história do país escrito
por uma mulher.
Para a professora e presidente da Academia joão-lisboense de Letras, Maria
Natividade Silva, a escritora Maria Firmina sempre esteve à frente do seu tempo e é
imprescindível trabalhar as suas obras nas escolas e nas demais instituições.
“Eu sou do movimento negro, então conhecer e discutir autores e autoras negras é
fundamental na minha prática pedagógica, enquanto cidadã e profissional da
educação. É um compromisso político com as novas gerações de meninos e
meninas da escola pública.”
Ela conta que a publicação do romance “Úrsula”, o primeiro de cunho abolicionista,
causou um certo alvoroço no jornalismo maranhense e, dois anos depois, Firmina
passou a colaborar sistematicamente na imprensa local.
“A escrita de Firmina desconstrói a visão desumana dos negros e empodera as
mulheres pelo acesso a fala. Ela rompe de maneira poética e contundente esse
modelo escravocrata e patriarcal do período oitocentista, principalmente quando
consegue fundar uma escola mista gratuita. Ela é e continua sendo sinal de
resistência e representatividade para todos nós, em todos ambientes”, ressalta a
professora.
Ela também diz que se sente muito feliz pelo destaque que a autora está ganhando
nos dias atuais, visto que por muito tempo a romancista maranhense não teve o
reconhecimento que merecia.
“Em 2022 estamos comemorando o seu bicentenário, para dizer que valeu a pena
todos os esforços de inúmeros pesquisadores e pesquisadoras em torno de
conhecer e divulgar obras tão importantes para a literatura negra feminina. E ainda
temos muito a descobrir sobre sua escrita e trajetória de uma mulher forte e
corajosa que espalhou sementes de liberdade por onde passou”, finaliza Maria
Natividade.
Este ano Maria Firmina dos Reis será também a escritora homenageada da 20ª
edição da Feira Literária de Paraty (Flip) que ocorre na cidade fluminense entre os
dias 23 e 27 de novembro, após dois anos em formato online devido a pandemia de
Covid-19.