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Silvia Federici: capitalismo e a mulher, um olhar sobre o feminino

notícia “A caça às bruxas nunca terminou, mas as mulheres também nunca deixaram de resistir”, Silvia Federici

Por Mariana Muniz Gonçalves*

 

Na cidade de Parma, na Itália, em 1942, nasce Silvia Federici, uma das maiores intelectuais e ativista política. Cresceu na cidade italiana e aos 25 anos deixou seu lar para estudar nos Estados Unidos. Formada em Filosofia pela Universidade de Buffalo, Silvia é professora, escritora e de tradição feminista marxista autônoma.

Já participou de várias campanhas, sendo a Wages for Housework Campaign uma das principais, que exigia remuneração para os trabalhos domésticos realizados por mulheres. As análises de Silvia mostraram que a não remuneração das atividades domésticas eram uma forma de impulsionar o capitalismo. Essa foi uma batalha que a autora cravou e muitas a acompanharam depois. Atuou como cofundadora do International Feminist Collective e atualmente é professora emérita da Universidade Hofstra, em Nova York.

Em 2004, Silvia lançou sua obra de maior destaque Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, que ganhou versão em português apenas em 2017, pela editora Elefante. A obra faz uma análise sobre o feudalismo durante a transição para o capitalismo, trazendo um olhar sobre o feminino e destacando o lugar da mulher nesse processo. Para a autora, não falar sobre o impacto causado nas mulheres dessa época é fazer um apagamento delas como seres sociais, ignorando toda uma estrutura feminina, e por isso, a Silvia Federici destaca a caça às bruxas: como aconteceu e as motivações.

Com 77 anos, Silvia viajou o Brasil para o lançamento do livro O Ponto Zero Da Revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta, que ganhou versão em português recentemente. A obra traz um apanhado das pesquisas e teorias que a autora realizou em torno do trabalho doméstico, o capitalismo, o colonialismo e o feminismo inserido nesse contexto. Nesse livro, a ativista conta a sua experiência com a Wages for Housework Campaign (já citada anteriormente) e traz a sua trajetória, destacando a luta anticapitalista e a necessidade da valorização da mão de obra feminina.

Silvia passou pelo Maranhão em outubro de 2019. Naquele período, na capital do estado, São Luís, a autora realizou uma aula magna com o tema “A caça às bruxas e acumulação capitalista na Modernidade”, trazendo junto o lançamento de O Ponto Zero da Revolução. No evento, um debate foi levantado sobre o lugar da mulher, a caça às bruxas e a resistência das mulheres na Modernidade. O evento foi uma realização do Fórum Maranhense de Mulheres, em parceria com várias entidades do Maranhão.

O tema central dos livros de Silvia não foi tão explorado por outros intelectuais que tratam das origens do capitalismo e de como se deu esse advento. Por isso, a autora de Calibã e a Bruxa remonta o percurso das mulheres que foram invisibilizadas da história por muito tempo, apresentando um contraponto às outras narrativas.

Com anos de ativismo, luta e pesquisas, Silvia Federici se tornou literatura obrigatória para a formação de militantes feministas.

 

Foto: Divulgação

*Estudante do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão, campus Imperatriz. Integrante do Grupo de pesquisa Jornalismo, Mídia e Memória (JOIMP).

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