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Como encarar as fake news e suas implicações na sociedade

notícia BUCCI, E. News não são fake e fake news não são news. In: BARBOSA, M. (Org.) Pós-verdade e fake news: reflexões sobre a guerra de narrativas. 1º ed. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

Michely Alves

(Acadêmica de Comunicação Social/Jornalismo, membra do Grupo de Pesquisa Jornalismo, Mídia e Memória – Joimp)

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O dicionário online oferecido pela Universidade de Cambridge atualiza que o termo fake news, insistentemente, significa “histórias falsas que parecem ser notícias, espalhadas na internet ou usando outros meios de comunicação, geralmente criadas para influenciar visões políticas ou podendo ser como uma piada”. Ainda de acordo com o dicionário britânico, o sistema das fake news é preocupante por ter criado um poder em cima das falsas notícias, afetando assim os resultados eleitorais em todo o mundo.

            Na tentativa de encontrar uma denominação que compreenda os fatos e englobe as multifaces das fake news, Eugênio Bucci realiza um parâmetro sobre as formas e as posições das fakes. No primeiro momento, coloca os regimes políticos autoritários como centro da geração dessas falsas informações, um exemplo claro foi o governo de Donald Trump – que tinha como alvo a rede de televisão CNN e o Diário The New York Times, passando assim por alguns outros chefes de Estado, como: Vladimir Putin (Rússia), Rodrigo Duterte (Filipinas) e Jair Bolsonaro (Brasil).  

            Para tentar entender os dirigentes que constroem as fakes news e tentam “vendê-las” como notícias, é necessário compreender o motivo para tanta devoção. Eugênio Bucci analisa que tudo depende dos processos fraudados na seleção do que “noticiar” e como publicar essas fontes, a designação do termo “fontes” vem dos princípios de que a distribuição dessas “notícias” venha de “bueiros” de informações disseminadas nas redes sociais. Segundo a pesquisa feita pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo), os grupos de família do WhatsApp são o centro de distribuição de informações falsas – principalmente se tratando de parâmetros políticos.

 

De acordo com Bucci, a primeira fraude diz respeito a:

  1. Natureza do relato (quem distribui)
  2. Depois, a simulação da linguagem jornalística (jargões/cacoetes e diagramação)
  3. Reportagem profissional (com textos editados, áudios, imagens e vídeos)
  4. Em suma, elas se fazem passar por jornalismo sem ser jornalismo.

O autor relata que a cultura política brasileira “nunca soube direito o que são News” e que por isso há essa inexistência breve nas comparações entre o que é verdade ou não é. Entende-se também que os políticos brasileiros nunca aceitaram um poder que investigassem o que acontece na tríplice política (legislação, executivo e judiciário).

De acordo com Raul Galhardi (Observatório da Imprensa) “pesquisas recentes apontam que nós somos a sociedade que mais acredita em notícias falsas”.  Em um estudo realizado em 2018 pelo Instituto Ipso, intitulado fake news, 62% dos entrevistados no Brasil admitiram ter acreditado em notícias falsas até descobrirem que não eram verdade, valor muito acima da média mundial de 48%.

Eugênio Bucci expõe que “[...] as fake news são uma nova modalidade da mentira com distinções muito bem marcadas”, e surpreende ao falar sobre a ponte jornalismo-verdade/verdade-jornalismo, destacando como exemplo o Jornal Russo Pravda (que em português significa verdade, titulando-se como “Jornal da Verdade”). Salienta os erros que a mídia comete com essa ideologia de orientar-se diante da verdade absoluta. Traz a visão do jornalista norte-americano Walter Lippmamm que não misturava a função da imprensa com a função da verdade. “A função da notícia é sinalizar um evento. A função da verdade é trazer luz para fatos ocultos, relacioná-los a outros e traçar um retrato da realidade a partir do qual os homens possam atual”, afirma Lippmamm.

 

Como enfrentar as fakes news?

 

  1. Pesquise sobre o assunto. Há vários portais jornalísticos, como: site oficiais, perfis oficiais em redes sociais, podcasts, rádio, telejornalismo.
  2. Investigue. Tire suas dúvidas através dos sistemas de fact-checking, uma boa dica é a Lupa: (https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/), considerada a primeira agência de fact-checking do Brasil.
  3. Não compartilhe o que te causa dúvida. Repassar informações é algo muito perigoso, principalmente se ela está te causando certo incomodo de veracidade.

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