Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz

Notícias

“O Jornalismo ultrapassa barreiras”, afirma a jornalista Sara Ribeiro

notícia Assessora de comunicação da Prefeitura Municipal de Imperatriz, Sara Cristina da Silva Ribeiro, 31, é da primeira turma do curso de Jornalismo da UFMA. Também fez parte da primeira turma de especialização em Assessoria de Comunicação, da mesma instituição.

Texto: Janaína Cunha e Valéria Cristina

Fotos: Janaína Cunha

 A jornalista está no mercado desde 2013 e tem sete anos de carreira, nesse percurso assessorou diversa secretarias municipais, como  Mulher, Esporte, Regularização Fundiária, e Desenvolvimento Econômico. No momento, está na secretaria da Educação. Nesta entrevista, Sara conta como ocorreu a escolha da profissão. “Na verdade, eu pensei em ser jornalista por conta da minha timidez, eu era e ainda sou muita tímida, tinha muita dificuldade em comunicação, inclusive”, relata ainda as dificuldades e desafios enfrentados ao longo do exercício da profissão. Leia a entrevista a seguir.

Você teve alguma dificuldade ao longo da carreira?

Sara Ribeiro: A gente tem várias dificuldades, especialmente em relação à assessoria, sobretudo em material de trabalho. Nessa gestão (prefeito Assis Ramos), nós conseguimos ter mais abertura, por exemplo, ao auxílio de fotógrafos. Em nosso trabalho anterior, era tudo mais básico e o assessor tinha que dar um jeito em tudo. Eu, particularmente, nos primeiros três anos de assessoria, fazia tudo, papel de repórter, fotógrafo, redator, editor, social mídia.  Então, as dificuldades são essas, mas a intenção é evoluir. Nesse governo nós estamos evoluindo bastante, já conseguimos separar essas funções e desenvolver melhor o trabalho da assessoria, conseguimos identificar os papéis. Antes tinha? Sim, mas não era da forma como funciona hoje, por exemplo, antes nós tínhamos um revisor, porém ele também era repórter, também escrevia, cuidava de outras partes, com isso, o assessor acabava assumindo parte do papel de revisor. Nessa gestão não, nós temos um revisor especifico, eu faço meu papel de repórter, mas não faço de fotógrafa. Antes eu tinha que dar conta das fotos, de cobrir meu material e de ter uma matéria completa.

Como foi a escolha da sua carreira?

S. R: Na verdade, eu pensei em ser jornalista por conta da minha timidez, eu era e ainda sou muita tímida, tinha muita dificuldade em comunicação, inclusive. Eu sempre gostei da área e de ler. Não era :“nossa é essa área que eu quero”. Na verdade, eu buscava Direito, mas tinha certa familiaridade com Jornalismo. Então, quando o curso chegou na cidade, eu tinha prestado vestibular na UEMA, mas não passei. Eu pensei: “eu vou ao menos colocar esse e ver o que acontece” e nessa tentativa deu certo, e eu me descobrir mais no curso mesmo, porém dizer “era meu sonho de princesa”, “eu quero ser um profissional de jornalismo” não era, mas me identifiquei com área.

Em algum momento pensou em não continuar na área?

S.R: Não, nunca passou pela minha cabeça. Eu faço Letras justamente para conciliar com Jornalismo e para melhorar o meu trabalho como jornalista, mas não pensando em abandonar a área.

Você falou que o desejo pela profissão foi algo que foi sendo construído. No entanto, teve algo durante sua carreira que te fez ter certeza que deveria seguir a profissão?

S.R: Várias. O Jornalismo é uma construção diária, como muitas profissões, mas você vai alimentando. Há dias que você não tem uma pauta que rende, mas tem que fazer por conta do seu cliente e há dias que tem uma pauta muito boa e você fica encantada. Então, você pensa “isso aqui é o que justifica meu trabalho” e vai fomentando um desejo de continuar, melhorar, ter um destaque a mais, são pequenas coisas, mas que motivam.

Ao longo da sua profissão, você teve alguma experiência que marcou a sua vida de alguma forma?

S.R: Como a assessoria de comunicação é bem mais restrita para essas oportunidades, eu creio que, das pautas institucionais que eu cobrir, a que mais gostei foram as que envolvem pessoas, os meios sociais. Pontualmente são as pautas do Minha casa, minha vida, Bolsa família e de educação, como por exemplo, avanço da qualidade do ensino. Isso deixa a gente feliz, por poder participar e divulgar essas questões. Essas pautas sociais são as que mais mexem com a gente.

Na educação por exemplo, há pautas lúdicas, que envolvem crianças, pautas que eu gosto muito, de feiras de ciências, que desperta o conhecimento dos alunos. Tem um projeto que eu acho muito bacana, que envolvem crianças com a música. Esses temas encantam mais a gente porque fogem da rotina, das informações diárias.

Pelo que você contou, as pautas que envolvem questões sociais são as você mais gosta de fazer, dessas você lembra de alguma em especial?

S.R: Acho que as pautas do Minha casa, minha vida. Ali é o sonho das pessoas, é muito gratificante cobrir. Uma das pautas que me tocou muito foi a das enchentes, eu não cobri, mas que meus colegas cobriram, não tem como não se comover vendo como as pessoas ainda são boas. É uma pauta que você se envolve, quer ajudar mais. O Jornalismo ultrapassa barreiras justamente por conta disso, ele envolve o profissional e isso nos faz bem. Apesar de você está informando um fato ruim, porque as enchentes foram muito dolorosas para as famílias atingidas, ao comunicar aquilo, você presencia o sentimento daquelas famílias, a solidariedade das pessoas.

 Qual a importância do Jornalismo na vida das pessoas?

S.R: Eu acho que total, pelo cenário econômico, político que nós estamos hoje. Acho que isso só é de conhecimento da população devido ao trabalho jornalístico que é realizado, óbvio que nem todos são de qualidade e respeitam a imparcialidade como deveria ser, mas nós sabemos que é de suma importância. Comunicar as pessoas sobre um  fato é um dos princípios da nossa sociedade. Já pensou, se não houvesse essa forma de tornar público aquilo que é de interesse da população? Então é de extrema importância.

Você acha que a profissão deveria ser mais valorizada?

S.R: Com certeza. Nós fazemos comunicação porque amamos. Acho que é uma profissão marginalizada, eu diria, por qualquer pessoa poder escrever, tornar público sua opinião, poder divulgar uma ação. Nosso papel é um divisor de águas que consegue trazer os princípios da academia para a nossa realidade, mas infelizmente, isso não é valorizado. Não é regulamentado e não é valorizado, então são salários muito baixos, há exceções, mas majoritariamente são baixos, não se respeita o piso, poucas empresas respeitam e, assim, fazemos porque precisamos trabalhar, mas também por amor à profissão. Acho que muitos colegas exercem por conta disso, pois o salário não compensa, você procura, vai atrás de meios para complementar a renda.

Na sua opinião a imprensa vive um momento de falta de credibilidade?

S.R: Não acho que seja de descredibilidade, mas de ter cuidado com a apuração.  Hoje está mais fácil você cair na descredibilidade por conta da rapidez da tecnologia, você consegue agora ouvir as fontes mais rápido, então o fato de você publicar uma informação e, logo depois, ela ter o risco de ser taxada como fake news, faz com que haja uma preocupação maior com a apuração das informações. É obvio que existem aquelas que já fato tem o propósito de gerar o fake news e, infelizmente, o grande público ainda não consegue distinguir, como consequência há uma disseminação muita rápida.

Como profissional, você aponta alguma estratégia para melhorar o Jornalismo?

S.R: A gente sempre pode melhorar. Como nossa profissão é cheia de pessoas que não se preocupam com princípios do Jornalismo, infelizmente ele ainda vai perdurar em questões como descredibilidade, mas sempre haverá a possibilidade de melhorar através de veículos e profissionais responsáveis que primam pela imparcialidade, pela informação, pois mesmo fazendo o papel de assessoria, mesmo tendo que publicitar o meu cliente, ainda assim eu não deixo de ser jornalista, isso deve existir em todos os setores, seja TV, rádio, na internet, partindo desse princípio tudo pode melhorar.

 Qual a dificuldade que você ver aqui em Imperatriz como profissional?

S.R: Muitas dificuldades. Nosso campo de trabalho ainda é muito restrito. Com a graduação houve melhora? Sim, mas não cem por cento, pois querendo ou não, já era um mercado consolidado aqui na cidade, contudo, há espaço ainda para o mau jornalismo, principalmente com o auxílio das redes sociais.

 O que seria esse mau Jornalismo?

S.R: Seria a produção de notícias falsas, publicação com informações que não são de interesse social, mas que buscam apenas o rendimento pessoal. Um Jornalismo que ainda é muito realizado aqui na cidade, é um jornalismo político realizado por alguns blogueiros, na qual não se apuram as informações, um Jornalismo arcaico que ainda perdura. Isso pra mim seria o mau Jornalismo, não há qualidade e acaba sendo disseminado por conta das redes sociais e das ferramentas que existem e que ainda vão existir. Assim como surgem profissionais altamente especializados, também surgem profissionais que se integram na profissão, porém, sem nenhuma responsabilidade. Enquanto não houver uma regulamentação formal nós teremos que conviver com isso.

* Atividade da disciplina História do Jornalismo (2019.1), do Curso de Jornalismo da UFMA Imperatriz. Edição: Roseane Arcanjo Pinheiro

Tags:
  • jornalismo
  • Imperatriz
  • UFMA

Autore(s):