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“A gente é como um catalizador: coloca a opinião para a opinião pública”, afirma Pollyana Galvão

notícia A jornalista Pollyana Galvão, 29, comenta nesta entrevista sobre as mudanças do campo do Jornalismo, a partir das suas experiências profissionais. Ela formou em 2013 pela Universidade Federal do Maranhão, campus Imperatriz.

Texto e foto por: Júlio Araújo e Tayron da Silva

Pollyana Galvão trabalha atualmente como produtora da TV Difusora Sul, transmitida para toda a Região Tocantina. Ela, a quinta entrevistada pela série Jornalistas Sim, conta que a escolha do curso surgiu logo no ensino médio, por meio de um trabalho científico que proporcionava aos alunos uma visita aos cursos de graduação na cidade. No último ano do ensino médio, seu grupo ficou com o Curso de Jornalismo e dessa visita surgiu o interesse pela área. Tendo iniciando o curso de graduação na turma do primeiro semestre de 2008, Pollyana ressalta a nova visão que o curso trouxe para Imperatriz em relação ao Jornalismo

  Por que a escolha pelo Jornalismo?

Pollyana Galvão – Primeiramente por conta do trabalho científico feito no ensino médio, onde me identifiquei com o Jornalismo, mas também, por conta de que eu não queria um curso que envolvesse física, química e matemática, pois sempre foi minha “deficiência”. Então, eu achei o Jornalismo muito interessante e decidi fazer por isso.

Em algum momento aconteceu um momento de dúvida e medo em relação ao curso e ao mercado de trabalho?

PG – A insegurança a gente sempre tem no decorrer do curso, porém hoje eu tenho plena consciência e não me arrependo, além disso sempre contei com apoio de várias pessoas e, logo depois da formação, fui entrando no mercado de trabalho.

 Como você encontrou e se interessou por esse caminho da produção?

PG – Desde a graduação, eu sempre me interessei por assessoria de comunicação e está na TV, é claro, que é diferente de uma assessoria, mas a gente como produção, sempre está em contato com assessorias, com outras fontes, está nos bastidores. E também pensar, planejar, marcar uma pauta e depois vê-la sendo executada pelo repórter e passando na televisão, me faz gostar muito da produção.

Para você, é notória uma evolução na imprensa com a chegada do curso na cidade?

PG –  Sim, o curso trouxe outro debate para a cidade. No início, muitos falavam essa questão de formados e não formados, e, com o tempo, eu penso que fomos conseguindo trazer esse debate e mudá-lo um pouco, apesar de que hoje ainda exista essa separação de formados e não formados. A gente tem uma discussão na mídia sobre o que podemos realmente fazer para melhorar, trabalhando juntos, compartilhando ideias.  Nós, com um pouco da questão da formação acadêmica, e eles com a vivência e experiência. Então, os dois conseguem casar muito bem. Hoje, quando surge alguma discussão ou dúvida em relação a divulgar suicídio, por exemplo, nós, formados, somos usados como ponto de referência. Os que eram criticados passaram a ser referência.

O curso foi implantado aqui em 2006, hoje já tem especialização, mestrado e poderá ter um doutorado. Como é para você ver esse crescimento do curso?

P.G – Nas primeiras turmas, isso era meio distante, me lembro que estudávamos nas salas de madeira, depois vimos a construção das novas salas, construção dos laboratórios de TV e rádio. O curso começou a trazer outro olhar da cidade para o profissional do Jornalismo, quem são esses profissionais, se tem um curso, então é uma área importante. Ver esse crescimento, ter uma pós já na segunda turma, ter um curso de mestrado e já almejar um doutorado, eu acho isso muito grandioso. A gente conseguiu em 13 anos, o que o Jornalismo da UFMA de São Luís precisou de 40 para conseguir.

Qual o seu ponto de vista em relação à facilidade que sociedade tem de acesso às redes sociais e, consequentemente, o aumento na fakes news?

P.G – As fakes news, os “boatos” sempre existiram, e isso se tornou uma nova plataforma justamente pela grande acessibilidade aos smartphones, internet, tecnologias e das grandes mídias. Para mim, a educação para o uso dessas novas mídias, a maioria da nossa população não tem. Eles não tem esse faro de checar os fatos, os sites mais confiáveis. Então, por mais que a sociedade seja esse disseminador das fakes news, nós, como profissionais, temos o trabalho redobrado, pela gente e pela população. E acredito que as noticias falsas contribuíram para esse cenário que vivemos hoje.

Nos locais onde trabalha ou trabalhou, você viveu algo marcante, como por exemplo coisas que só ocorrem quando se está exercendo efetivamente a profissão?

P.G – Existe muita coisa que é diferente do que a gente imagina, eu penso que conhecemos muita coisa na prática realmente e aprendemos muito com quem já está no ramo também. Apesar de termos uma bagagem de conhecimento, é na prática e no dia – a – dia que complementamos a essa formação. Então, eu sou muito feliz por ter essa oportunidade de conhecer a academia e está na prática no jornalismo.

Dentro da profissão, qual experiência que mais impactou o seu olhar jornalístico?

P.G – O que me marca no jornalismo diariamente são as pautas que eu consigo produzir, marcar e quando a matéria está pronta e vai ao ar, algo que eu realmente consigo uma mudança e um impacto na vida das pessoas. Eu fico muito feliz com uma pauta que eu consigo dar esse retorno imediato para a população. As notícias com crianças são as que mais chocam, às vezes de violência ou de alguém que perdeu um ente querido, que pode até não ser veiculado, mas que temos um certo contato, isso marca a gente e muda o nosso olhar.

Para você qual o valor do jornalismo para a sociedade?

P.G – Eu acredito que é impressindível, apesar dessa crise no jornalismo atualmente, essa mudança, a questão da desvalorização dos meios oficiais, também da questão da população achar que pode viver sem a gente. Eu penso que o nosso papel é muito imporntante e que temos muita coisa pela frente ainda. E nesse tempo de crise, eu penso que temos que nos reinventar encontrando outros meios e continuar, baseados na nossa ética tentando manter a nossa credibilidade e confiabilidade.

Para você o que é o Jornalismo?

P.G – Para mim, o Jornalismo é uma busca, um meio em que as pessoas podem se informar e uma construção da sociedade, do conhecimento e do modo de ver o mundo. Nós passamos por vários filtros, a gente é como um catalizador, recebe e divulga, coloca a opnião para a opnião pública. Jornalismo é a questão do conhecimento, da oposição, do diário, do contraditório. Somos importantes também para a realidade da sociedade e para a transformação do mundo, tendo isso como um poder que podemos usar para dar visibilidade às minorias e menos favorecidos, dando voz aos que não têm a oportunidade de serem ouvidos por todos

* Atividade da disciplina História do Jornalismo (2019.1), do Curso de Jornalismo da UFMA Imperatriz. Edição: Roseane Arcanjo Pinheiro.

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