Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz

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Recebi spray de pimenta na cara enquanto cobria uma manifestação”, conta Hyana Reis

notícia A jornalista, escritora e social mídia, é a segunda entrevistada da série Jornalistas Sim, uma homenagem aos 13 anos do Curso de Jornalismo da UFMA Imperatriz.

Texto e foto: Leide Mayara Sousa Cruz

Hyana Reis, 28 anos, relembra fatos marcantes na caminhada com a profissão de jornalista e destaca que os desafios foram muitos, mas diz que: “escrever é minha grande paixão”.  Ressalta que experiências boas e ruins sempre irão existir e que são essas dificuldades que auxiliam no crescimento como profissional. Destaca que, a cada dia que passa, o Jornalismo se torna essencial na sociedade, principalmente nessa Era de tecnologia e redes sociais, onde um dos papéis do jornalista é verificar e desmentir notícias falsas. Confira como foi essa conversa.

1 - O que levou a escolha do curso e da profissão na área do Jornalismo?

Hyana Reis - Escrever é minha grande paixão. Desde criança sempre quis lançar um livro, mas sabia que uma carreira como escritora, era muito difícil. Cheguei a lançar alguns livros, mas na adolescência eu me apaixonei pelo Jornalismo, pois era uma profissão que me permitiria escrever todo dia. Quando decidi que faria Jornalismo, nem existia o curso em Imperatriz, comecei a me preparar para fazê-lo fora da cidade, o lugar mais próximo, era São Luís. Só quando eu estava no segundo ano, foi implantado o curso de Jornalismo em Imperatriz, fiz o vestibular, passei e logo ingressei nas primeiras turmas do curso.

2 - Quais foram os desafios encontrados após o curso?

HR - Muitos! Primeiro por questão de vaga de emprego. Minha turma se formou com trinta pessoas e não existia esta quantidade de vagas para jornalistas em Imperatriz, tinha mais profissionais que vagas, isso é uma realidade até hoje. O segundo é que temos uma questão de certa “rivalidade” com os jornalistas mais antigos da cidade que não possuíam esta graduação (Jornalismo), Esses atritos acontecem e, às vezes, atrapalham a nossa profissão. Contudo, graças a Deus, tive a sorte de trabalhar na área, como repórter no jornal Correio, antes mesmo de terminar o curso, a princípio era como estagiária, após o término do curso eu fui contratada. 

3 - Você percebe alguma diferença no curso de Jornalismo atualmente na UFMA, comparado à formação do seu tempo?

HR - Eu entrei em 2009 e me formei em 2013, nessa época não existia whatsapp ou facebook, ou seja, quase não tínhamos acesso a esses debates sobre redes sociais ou internet, até existiam algumas disciplinas que falavam sobre tecnologia, entretanto não era tão intenso como hoje. Fui me interar e debater mais sobre esse assunto quando estava na pós-graduação, feita na UFMA, na formação não tivemos tanto contato com isso, pelo fato de não ser uma realidade do momento. Até porque elas modificam e vão continuar modificando nossa profissão.  

4- O que você diria das suas primeiras experiências como jornalista?

HR - Minhas primeiras experiências foram um pouco “brutais”. Como falei, eu comecei a trabalhar sem estar formada. Temos uma teoria muito bonita na Universidade, a gente imagina como funciona e se depara com uma realidade totalmente diferente, pois é uma profissão muito carente de tudo. Quando comecei a trabalhar, por exemplo, não tinha carro para me levar para as pautas, não tinha telefone para ligar para fonte e eu tinha que me virar e trazer a notícia, ou seja, sem nenhuma estrutura, e isso ainda acontece muito. A teoria e a prática têm uma diferença gritante e isso, no começo, foi assustador, tive que vencer muitos desafios e acredito que nesse sentido a universidade não nos prepara tanto.

5- Quais foram às experiências mais marcantes na sua profissão?

HR - Eu já trabalhei com TV, assessoria e outros, mas eu me identifico mais é com reportagem, comecei com impresso e agora estou como social mídia e repórter digital, tive boas experiências. Como sou repórter de cultura, eu tive a oportunidade de entrevistar pessoas de quem eu era fã, como por exemplo, Ariano Suassuna. Conheci pessoas incríveis, pessoas que admiro, puder ter uma conversa com elas. Tive momentos ruins também, como quando recebi spray de pimenta na cara enquanto cobria uma manifestação, uma vez que o prefeito gritou comigo no meio de uma entrevista, enfrentei comentários de pessoas na internet que ficam criticando alguma matéria que eles não gostaram, principalmente os da época de eleição. Esse tipo de situação acontece, são marcantes de uma forma boa e marcantes de uma forma ruim, mas tudo auxilia no crescimento como profissional, isso é muito importante!

6- Qual o valor do Jornalismo para a sociedade na sua visão?

HR – Atualmente, eu acredito que ele é ainda mais necessário, o Jornalismo foi sempre muito necessário e eu acredito que hoje em dia, ele está mais ainda, pois o que acabou se tornando uma das nossas funções é desmentir “fake news”, então acabou se tornando parte da rotina o hábito de checar se uma informação que está circulando é verdadeira ou falsa, e as pessoas esperam que um órgão ou um meio de comunicação que tenha credibilidade, venha e diga “isso é verdadeiro”, “isso é falso”. A figura do jornalista ficou muito importante para apurar essas coisas, não é à toa que somos chamados de Quarto Poder, de disseminar informação e agora de checar também a veracidade delas. Ao contrário do que as pessoas, dizem que o Jornalismo está se tornando obsoleto, nessa sociedade ele está cada vez mais importante.

7- Você acredita que o Jornalismo necessita de mudanças pra atender as novas gerações?

HR - O Jornalismo tem que mudar o tempo todo, ele está sempre mudando, do jornalismo impresso, por exemplo, do que tínhamos antes para o que temos hoje, temos mudanças muito significativas, teve o rádio, TV, internet e redes sociais. O Jornalismo precisa se reinventar o tempo todo, ele precisa chegar a novos meios, em novas fontes e novos locais para que a informação chegue às pessoas. Eu acredito que ele necessita de mudanças constantes, temos que nos aproximar mais ainda das redes sociais, desses meios digitais, desses locais aonde têm tantas fake news. O Jornalismo precisa chegar lá e não ficar preso aos meios mais tradicionais, devemos chegar às mídias alternativas também.

8 - Quais foram as características dos veículos ou instituições onde você trabalhou?

HR - Eu trabalhei em empresas muito diferentes umas das outras, trabalhei como assessora de comunicação da Academia Imperatrizense de Letras, que é uma empresa super tradicional, fui assessora de comunicação da Facimp, já fui social mídia numa agência, trabalhei cinco anos como responsável pela comunicação social do Salimp (Salão do Livro de Imperatriz), trabalho aqui no Jornal Correio.  Essas são empresas muito diferentes, mas o que realmente me atrai no Jornalismo são as empresas que usam da tecnologia, como um meio de comunicação.

* Atividade da disciplina História do Jornalismo (2019.1), do Curso de Jornalismo da UFMA Imperatriz

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