Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz

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A convergência das mídias é um grande desafio para os jornalistas, diz André Wallyson

notícia Vamos começar a série Jornalistas Sim com profissionais formados na UFMA Imperatriz. Uma homenagem aos 13 anos do curso, comemorados este ano. O primeiro entrevistado é André Wallyson Ferreira da Silva.

Texto e foto: Inghrid Keith Borges e Vitória Castro 

Ele foi um dos primeiros jornalistas formados pela UFMA Imperatriz. Hoje, aos 30 anos, lembra que conquistou o seu primeiro emprego na área em uma grande emissora de TV, assim que se formou na faculdade. Seu objetivo era crescer cada vez mais na profissão. Durante sua jornada acadêmica, conheceu vários lugares apresentando pesquisas, atividade que conciliou com projetos profissionais. Vamos então conhecer mais um pouco da trajetória e da carreira de André Wallyson.

1- Você entrou no curso em que ano André?

André Wallyson - Entrei em 2008.2 e formei em 2013.1

2 - André, por que escolheu o curso de Jornalismo?

AW - Foi uma coisa que eu sempre quis. Na verdade, desde pequeno, eu já brincava de ser jornalista, de ser repórter, já era uma coisa que eu sempre quis.  Mesmo antes de o curso chegar aqui em Imperatriz, eu já pensava ir para fora estudar, mas coincidiu, antes de terminar o ensino médio, que o curso chegou aqui.

3 - Uma das primeiras turmas então, praticamente?

AW - Sim, eu estava no segundo ano do ensino médio quando o curso chegou aqui, aí no vestibular seguinte eu fiz e era no vestibular tradicional ainda.

4 - Após concluir o curso você iniciou na área?

AW - Na verdade, eu comecei a trabalhar antes de concluir o curso quando eu estava no segundo período ainda. Comecei a estagiar na Ascom (Assessoria de comunicação) da UFMA. Iniciei com três pessoas trabalhando na Ascom que era formado por mim, Lúcia Pacheco e William Castro. Fomos os primeiros estagiários da Ascom, praticamente quem fundou a Ascom, junto com a professora Roseane. Logo depois, fiz assessoria para um projeto da prefeitura, o  PAC (Programa de Aceleração de Crescimento). Fiz parte de outras empresas privadas e, em 2011, entrei na TV Nativa, afiliada da Record. Em 2012, recebi um convite e fui para a Difusora, afiliada do SBT, onde fiquei até 2014. Fui embora para Brasília, passei em uma seleção para trabalhar em um escritório da TV Globo, onde fiquei por um ano e meio e voltei para Difusora e, um ano depois da Difusora, vim para trabalhar na TV Mirante.

5 - O que mais marcou sua vida durante o Curso de Jornalismo?

AW - Dentro do Curso de Jornalismo, o que mais me marcou foi o trabalho de desenvolvimento de projetos. Desde que eu estava no terceiro período eu comecei a participar, além do trabalho da Ascom, com projetos e pesquisas para o Intercom (Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação) e diversos outros. Participei também de muitos projetos durante o curso, conheci diversas cidades por conta desses eventos, mas sempre apresentando trabalho. Então o desenvolvimento dessas pesquisas foi algo marcante para mim, que ajudou muito nesse processo de conhecimento, alinhado ao mercado onde eu estava sempre trabalhando na área e isso era um grande desafio quando precisava fazer algumas viagens, pois sempre precisava de licença do trabalho e nem sempre as TV colaboravam muito, mas no final dava tudo certo.

6 - A universidade abriu novos horizontes para você? Tanto na vida acadêmica como na área profissional?

AW - Com certeza! Eu sempre digo que a gente começa a construir nossa carreira no Jornalismo quando a gente pisa o pé no primeiro dia de aula na universidade, porque aquelas pessoas que estão ali estudando com a gente, desde o primeiro dia, serão nossos colegas no futuro, então a construção da nossa imagem, do nosso nome, da nossa carreira e do nosso conhecimento depende da passagem pela universidade. Talvez tenha alguém que tenha conseguido ter uma boa carreira sem ter passado por lá, mas pelo menos eu, sem isso, não teria. Virei noite para fazer as provas.

7 - Qual a relevância que o Jornalismo tem hoje pra você hoje, na sua vida?

AW - É essencial, de onde eu tiro meu sustento, quem é jornalista, é jornalista 24 horas, então eu não seria eu mesmo se eu não fosse jornalista.

 8 - André, você acha que o Jornalismo pode se transformar para atender melhor as necessidades das novas gerações?

AW - Com certeza, tem que melhorar e muito. O que acontece é que as coisas estão mudando cada vez mais rápido, a agilidade da informação, a maneira como ela chega às pessoas tem se tornado um desafio para os jornalistas e eu acho que nessa época em que se fala tanto àquela palavra que criamos ranço, “fake news”, o papel do jornalista é essencial. O papel do jornalista é essencial então às futuras gerações, à nova geração de jornalistas, que tem grandes desafios na questão de convergência das mídias, das novas mídias que vão surgindo, das novas maneiras de se comunicar e informar.

9 - Na profissão o que mais marcou? Com toda essa bagagem que você tem.

AW - O que mais me marcou? Já aconteceu tanta coisa, teve um caso que me marcou muito quando eu trabalhava da Difusora. Nós fizemos uma reportagem, que nasceu, na verdade, no Bandeira 2 (programa de TV, com reportagens policiais), com o Roma que gravou com uma mulher que já vinha sofrendo abuso do esposo. Ele foi  preso, mas no dia seguinte tinha tudo para ele ser solto e, logo depois, procuramos a promotoria,  delegado e todos os órgãos que fazem parte da rede de proteção à mulher  para poder de certa forma ajudá-la, porque, no momento do ato da prisão, ele falou que quando saísse iria matá-la. Depois que fizemos a reportagem, gravamos com as autoridades e assim não foi dada a soltura dele e os órgãos conseguiram fazer com que ela voltasse para onde a família dela estava, em Pernambuco, e até então foi mantido a prisão dele.  Depois ele foi condenado e ficou preso por um bom tempo, hoje talvez já tenha sido solto, mas, na época, foi fundamental para garantir a vida dela o nosso trabalho como jornalistas, quando cobramos as autoridades e isso foi algo que me marcou muito. Ver a emoção dela, a alegria ao embarcar para ir embora, em sentir a sensação de liberdade, que poderia construir uma vida nova, foi muito marcante.

Em Brasília, teve também várias reportagens que fizemos que contribuíram para o mercado em uma época que se falava muito em desemprego, nos meados de 2015 para 2016, quando fizemos uma reportagem especial que foi para o Jornal Hoje, para aquele quadro que tinha antes, Sala de Emprego, falando da área de emprego no agronegócio. Era em um dos municípios, próximo à Brasília, onde estava sobrando vagas de emprego e o mercado não estava conseguindo reagir, porque não tinha essas pessoas para trabalhar e as pessoas não sabiam das vagas. Quando fizemos, todas as vagas foram preenchidas e o preço dos alimentos distribuídos naquela região diminuiu, porque tiveram uma safra recorde. Então, foi o impacto da reportagem que foi para a rede nacional que acabou fazendo a diferença na economia daquela região. E várias outras coisas que fizemos na TV Mirante, todo dia tem uma novidade diferente.

10 - Então para você o jornalismo não tem somente a função de informar e sim de ajudar?

Sim, de ajudar também, com certeza! Além das noticias factuais, quando falamos sobre a violência a gente não quer que as pessoas saibam apenas sobre o crime, a gente quer fazer o alerta que a violência está sendo muito grande, que precisa se tomar uma atitude, é uma forma de cobrar as autoridades para que tenham uma solução para aquele problema.

11 - Qual a dica para um estudante de Jornalismo?

A dica é você se preocupar em construir a sua carreira desde o começo, e buscar novos horizontes, porque muitas pessoas quando entram no Curso de Jornalismo pensam em trabalhar no mercado que já tá ali na TV, no rádio, então é pensar além e na possibilidade de empreender na comunicação. Imperatriz ainda tem um mercado que é muito amplo e pouco explorado com muitas opções de coisas que já são feitas em outras cidades, inclusive na capital, São Luís.

Há municípios menores que Imperatriz que ainda não têm pessoas formadas. Há gente que está desempregada, tem competência, porque espera muito por um mercado que já está aqui, quer muito arrumar um emprego naquela TV, para ter a carteira assinada e tudo bem, se conforma. Eu acho que o papel de quem está ingressando no curso é abrir novos mercados, de empreender, de trazer para o mercado da informação outras maneiras diferentes de comunicar, de ganhar até mais. A internet oferece diversas opções, eu aprendi que uma mídia não substitui a outra. Se você quer empreender no impresso, existem possibilidades que são vendáveis, que são lucrativas e que têm o mercado esperando por elas. Existem outras maneiras de você poder criar a segmentação do público e é o que tem contribuído muito na hora de informar, por conseguir atingir públicos específicos.

12- Qual a principal característica do veículo que você trabalha?

Daqui não tem uma característica principal, são conjuntos de características, que é de apurar, ouvir os lados, que são necessários para veicular a reportagem, e a responsabilidade do que você vai colocar no ar, já que é a TV mais assistida em Imperatriz, segundo pesquisas, não somente em Imperatriz, em toda região. Hoje passamos o jornal daqui para metade do estado, por ser um jornal estadual. Então, o compromisso com a informação é a característica principal.

 

* Atividade da disciplina História do Jornalismo (2019.1), do Curso de Jornalismo da UFMA Imperatriz. Edição: Roseane Arcanjo Pinheiro

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