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Série #Olhares: Dona Dadá e a paixão pelo dom de educar

notícia Entre emoções e muitas histórias, Adalgiza Moreno de Souza nos conta um pouco do seu legado pela educação em Imperatriz. Filha de lavradores de origem humilde, superou dificuldades, abraçou o magistério e não parou mais.

Adalgiza Moreno de Souza, mais conhecida como Dadá, é maranhense do povoado de Almadas, próximo a Caxias, no Maranhão. Aos 84 anos de idade, dona Dadá se considera uma imperatrizense. “Imperatriz é a minha cidade, não me imagino vivendo em outro lugar”, diz ela.

Negra, filha de lavradores de origem humilde e sem muitas perspectivas de estudo no local onde nasceu, ainda adolescente ela tem seu destino transformado pela oportunidade de ir morar em uma cidade maior. Foi morar de favor na casa de uma professora na cidade de Caxias, em troca ajudava em uma escola que a mesma possuía e trabalhava nos serviços domésticos da casa e à noite estudava.  

A professora conta que precisou se esforçar bastante para conseguir estudar e continuar na escola, pois era bolsista e precisava ter boas notas, mas, por vezes, a rotina cansativa atrapalhava. Segundo ela, naquela época conseguir manter-se numa escola não era privilégio para todos, as pessoas que quisessem um bom ensino tinham que conquistar uma bolsa.

No ano de 1974, ela recorda que por motivos de descontentamento no trabalho em Barreiras ,  onde lecionava na época, e por influência de seu irmão mais velho, que lhe contava muitas vantagens a respeito de Imperatriz, ela decide transferir-se para a cidade que, na época era considerada, como ela mesma define, “um novo garimpo de oportunidades de trabalho e boa remuneração”.

Carreira

Em 1994 assume a subsecretaria Regional de Educação do Estado, com sede em Imperatriz, mas que atendia toda a região sudoeste do estado, um trabalho no qual ela se orgulha de ter realizado, não pelo prestigio do cargo, mas pela oportunidade de poder contribuir ainda mais pela educação

 Reconhecida como uma das mais antigas professoras da cidade, começou suas atividades na escola Governador Archer , uma das quatro escolas do estado que existia   na cidade. No ano seguinte, Dadá começou a trabalhar também  na extinta Escola Técnica Amaral Raposo, escola que por muitos anos foi referência em educação na região.

Emocionada, dona Dadá fala sobre a luta que enfrentou em investir em uma educação de melhor qualidade para as pessoas que dependiam da  escola públicas . “Eu acredito na educação pública, pois quando estava na regional vi muitas escolas se destacarem e cumprirem suas metas educacionais, mas também vi outras que não alcançavam. O que falta é um pouco mais do que trabalho, é amor e só podemos realizar algo bem feito se tivermos amor”.

Netos e bisnetos

Dona Dadá não casou, mas constituiu uma família com vinte filhos, dois foram adotados ainda crianças e os outros chegaram já adolescentes, mas ela se sente muito feliz por ter uma família tão numerosa, com muitos netos e bisnetos. Com um sorriso no rosto, ela ressalta com orgulho uma das maiores conquistas, ter dado a possibilidades de todos os filhos ter uma educação com qualidade.

Atualmente, Adalgiza Moreno é professora aposentada, mas ainda se dedica à educação através da Pastoral da Educação, entidade ligada à igreja Católica, realizando trabalhos em parceria com as escolas públicas com o objetivo de melhorar o ensino público.

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Autore(s): MAISA OLIVEIRA.